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segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

O Pará disse sim para o "não"!


Os cidadãos paraenses decidiram que não querem o desmembramento do Estado do Pará para a criação dos Estados do Tapajós e do Carajás. E essa decisão é soberana, ou seja, democraticamente foi votado no “não” por livre e espontânea vontade do eleitor, e ninguém poderá revogar esse ato lícito e inequívoco da democracia, nem mesmo os deputados, os senadores, a presidente ou os ministros do Supremo Tribunal Federal poderão embargar a escolha majoritária do não à fragmentação do Pará.

Ficou perceptível que na propaganda política do “sim” houve uma tentativa de manipular a opinião pública. Os separatistas defendiam a falsa ideia de que o Pará dividido seria mais lucrativo, garantiria melhor governança, possibilitaria um grande desenvolvimento a todos, ou seja, difundiram que os males do Estado do Pará decorriam devido o seu tamanho de proporções continentais. Essa tese defendida pelos separatistas é totalmente incoerente, pois é sabido, desde o século XVIII, que a riqueza ou a pobreza de uma nação ou de um Estado não advém da natureza, mas sim da competência de gestores públicos integrados com a sociedade ou, por outro lado, da incompetência desses gestores públicos preocupados com os seus interesses particulares. Assim, entende-se que para um país, Estado, município seja bem sucedido, em todos os quesitos possíveis, necessita de uma educação de qualidade, saúde eficiente, segurança pública, salário mínimo digno, etc. Agora, para que um país ou Estado seja mal sucedido e adentre a pobreza, necessita de uma classe política incompetente e corrupta, que se achará no direito de fragmentar um Estado e multiplicar a pobreza na sociedade, dobrando, assim, suas contas bancárias com dinheiro público.

Conscientemente, o eleitor do Estado do Pará não se deixou manipular por inverdades e aderiu à campanha a favor da união para o desenvolvimento político, econômico, educacional do Pará, assim, para que todos possam usufruir das riquezas advindas de um grande e rico território, com um largo potencial produtivo, descentralizando, unindo e desenvolvendo cada vez mais as mesorregiões do Estado, que são grandiosidades socioculturais, do tamanho do Pará.

Josué Leonardo

domingo, 20 de novembro de 2011

Sim ou não? Eis a questão!

Os cidadãos do Estado do Pará têm uma árdua responsabilidade no dia 11/12/2011: votar no “sim” (77) ou no “não” (55) para confirmar se prevalece a união territorial, geográfica e política do Pará ou o seu desmembramento, ocasionando a criação dos Estados do Carajás e do Tapajós. Será que é pertinente o Estado continuar unido ou é mais viável mesmo fragmentá-lo?

Os discursos das campanhas a favor ou contra são diversos, sendo que uns são de caráter duvidoso e outros de caráter fidedigno. É primordial que os ouvintes e o telespectadores analisem e distingam, de forma crítica, os discursos que implicitamente tentam ludibriar e manipular a opinião pública, daqueles discursos que apresentam os fatos reais da conjuntura social, econômica, política do Estado do Pará. Tudo que for exposto como sendo verdade única, na campanha, deve ser observado com desconfiança e dúvida.

Se você tem acesso à internet, busque informações sobre o estágio atual do Estado do Pará no ranking nacional, mas não deixe que meias-verdades, que argumentos falaciosos, seja do “sim” ou do “não”, se tornem verdades absolutas na sua mente, não venda a sua decisão de votar no que é lícito, por causa de promessas milagrosas.

Desse modo, ao ver ou ouvir as campanhas a favor ou contra a fragmentação do Pará, pergunte a si mesmo por que fragmentar? Ou então por que não fragmentar? Quem está por trás disso tudo? Quem vai ser beneficiado com tudo isso? Será que vai melhorar ou piorar a situação da população? Pesquise a situação atual dos Estados que passaram por esse processo de fragmentação, melhorou? Piorou? É importante o seu, o meu, o nosso interesse, pois é através do nosso voto que será estabelecido o novo rumo do Estado ou dos Estados que surgirão. Além disso, são vidas humanas que estão dependendo de uma escolha consciente que venha suprir as necessidades sociais tão reivindicadas pelos cidadãos paraenses.

O fato é que no dia 11/12/2011, o veredicto final será consolidado pela população que vive no Estado do Pará, sendo paraense ou não, por meio de um ato democrático, o plebiscito. Assim sendo, é nossa a responsabilidade de decidir sobre o futuro dessa região, independente de votar no “sim” ou no “não”. Então, votemos com criticidade e com consciência, pelo nosso Pará!

Josué Leonardo

sexta-feira, 28 de outubro de 2011

Logradoiro mundiado


O sol alumiou o recinto moroso onde dormia Dorotéia. O clareúme fez com que se levantasse mais azelada do que outrora noite. Foi banhar-se, indisposta, pois sua cabeça estava atulhada de tristezas. Mesmo avoada, escovou a grelha, tufou o rosto de pó-de-arroz, deixando-o alume, passou uma água-de-cheiro, entonada, ficou toda donairosa. Nem se apoquentou em fazer o desjejum, pegou o guarda-sol e saiu para desmanar da triste solidão.

Antes de pegar o bonde, Dorotéia foi comprar uma bagana na taberna da nhá Filomena, que tinha boas ventas e sempre lhe saudava com um “delabençoe madame Dorotéia”. Ela sem nenhuma fiúza da vida, nem replicava e num galopeio sustancioso evadia-se, sem pestanejar, para ela era mister tocar de um lugar idílico, onde a paz reinasse num faz-de-conta repentino.

Já estava toda sumarenta, quando o bonde foi até lá, naquele logradoiro que apareceu aleatoriamente em seu olhar. A lonjura do itinerário, o entra-não-entra no bonde foi imaculado por ela ser merecendente da visão límpida daquele ambiente, que lhe deu imediata sustância pacífica. Sentou-se de baixo da mangueira, ali com o seu cocho bebeu água cristalina. De longe viu um zinho varar serelepe para a esquina e uma pequena toda trelosa acolá do canto. O tempo passou com o vento, que a fez brevemente cochilar, só queria partegar daquele ambiente para nunca mais voltar. No entanto, voltou a si, bispada colocou a sacola de pertences no colo e contemplou aquele paraíso particular, cantarolando uma modinha, aquela no qual tocou no dia quando conheceu o senhorito de sua mocidade, que tornou-se seu esposo, e que a pouco tempo partira para a eternidade.

Logo um píncaro de alegria tomou Dorotéia, que levantou-se, deu um passo à frente num breve reboleio, desintristecendo momentaneamente. Olhou para o alto e viu que um toró vinha iminente, isso esmoreceu a alegria que não aparecia a semanas. Assim, Dorotéia levantou-se e caminhou, despedindo-se daquele ambiente, menos azelada, menos panema. Mundiada com tudo que tinha visto, Dorotéia tornou-se uma testemunha-visitante diária de toda aquela flora do logradoiro até o último dia de sua estada neste plano material.

Josué Leonardo

segunda-feira, 11 de julho de 2011

Imaginação



O juiz apita e inicia o jogo. A arquibancada está lotada de fanáticos que vieram prestigiar a partida da rodada entre WE3 Sport Club e SN1 Atlético Club, clássico que vale a liderança do campeonato municipal de avenidas, ruas, alamedas e becos da 1ª divisão de futebol. Estimativas preliminares confirmam que há mais de 16.000 pessoas no estádio "Tucupizão". A principal rádio de esportes do Estado se faz presente para transmitir o jogo e a TV passa ao vivo a partida para todos os telespectadores da capital e do interior.

Opa! 1 minuto de jogo, primeira falta duríssima no jogador do WE3, o juiz adverti o jogador do SN1, que veio de carrinho por trás, a torcida já começa a pegar no pé do juiz, pedindo cartão amarelo. E olha que o juiz é do quadro da federação internacional, com larga experiência em clássicos dessa envergadura. Mas a torcida não quer nem saber, vaia geral em cima do juiz. A maca móvel chega para atender o jogador, que sai de campo, sentindo fortes dores no calcanhar; o técnico manda o jogador reserva aquecer atrás do gol adversário.

Já se foram quase 3 minutos de jogo, o juiz manda a barreira do SN1 se arrumar, a falta é perigosíssima, o camisa 10 do WE3 vai bater, se prepara, tá concentrado, ele é o artilheiro do time no campeonato, olhou fulminante para o gol, o juiz autorizou, bateu... Espalma espetacularmente o goleiro do SN1, bela defesa do arqueiro, a bola tinha endereço certo e ia lá no ângulo superior esquerdo. É escanteio para o WE3, cruzamento na área, segura o goleiro com firmeza, sendo ovacionado pela a sua torcida.

E o jogo tá bem movimentado, clássico é assim mesmo, 10 minutos do 1º tempo e o WE3 tá pressionando com jogadas rápidas no ataque, a gente vê que o esquema tático do WE3 facilita essa pressão no ataque, já que o esquema deles é o 3-5-2 que lhe dá uma presença de área intensa, diferente do SN1 que tá na retranca com o esquema 3-6-1 e até a gora não chegou com perigo ao ataque adversário. Mas agora o SN1 vem ao ataque rapidamente, bola passada, tira a zaga do WE3 e põe pra escanteio. Vai lá o jogador bater o escanteio, cruzou pra pequena área, vai o goleiro no 3º andar e segura a bola, já ligando o contra-ataque do WE3... É perceptível o domínio do WE3, a pressão é constante, mas o time tá perdendo muitas oportunidades de gol e o futebol é assim quem não faz leva. E lá vem o WE3 num contra-ataque fulminante pelo o lado direito, driblou um, driblou outro, passou pro meia, lindo toque pro atacante, vai marcar... Na trave, perde um gol feito o jogador camisa 9, do WE3, incrível a bola bate caprichosamente na trave e vai pra fora. A torcida pega no pé do jogador que perdeu um gol feito aos 30 minutos do 1º tempo.

O WE3 pressiona, mas não marca o gol, o SN1 tá na retranca e acho que o técnico poderia fazer uma substituição pra melhorar o SN1. Mas o que é isso? Confusão na arquibancada, o juiz para o jogo. Bombas de efeito moral são jogadas pra dispersar a torcida organizada dos times, a polícia chega pra controlar os ânimos das torcidas rivais; um torcedor ousado invade o campo pra abraçar o craque do WE3, mas os seguranças o prendem. E lá se vão 10 minutos de paralização... Essa confusão não ajuda em nada só atrapalha o jogo, quebrando toda a preparação física dos jogadores e o espetáculo fica prejudicado, acabando com o lazer dos torcedores com suas famílias que vieram assistir ao jogo.

Já são quase 15 minutos de paralização, são exatamente 23:10h da noite, o juiz vem para o centro do campo chama os jogadores, os ânimos dos torcedores já estão mais calmos e parece que o jogo vai recomeçar. E reinicia a partida, primeiros minutos , a paralização prejudicou a preparação física dos times, mas vem o WE3 pelo o meio do campo, abriu a porteira a zaga do SN1, chutou... pela linha de fundo, quase marca o WE3, falha geral dos volantes e da zaga do SN1. E vem o SN1 com a bola, tentando dar o troco nessa pressão, a bola tá com o lateral direito, que joga no meio pro zagueiro, que vira lá na esquerda pro meia, que vai pra cima, pra linha de fundo, para a bola, toca um pouco mais pra trás, tabelinha perfeita agora com lateral esquerdo, que passa a bola no meio pro atacante, linda triagulação, belo drible, passou pro meio, lindo toque pra pequena área vai marcar o SN1, chega por baixo de carrinho o zagueiro do WE3, e o juiz marca pênalti... Penalidade máxima para o SN1, numa jogada perfeita de passes rápidos, pênalti incontestável para o SN1, torcida faz a festa no estádio... Um pênalti no finalzinho do 1º tempo que dá uma vantagem grande pro SN1 que estava sendo dominado. A torcida pede que o craque do time bata esse pênalti, e lá vai ele segurando a bola de baixo do braço, conversa com o juiz, os jogadores do WE3 fazem uma catimba, pisam em cima da marca do pênalti, mas o craque do SN1 tá concentrado, ele sabe da responsabilidade desse gol que pode salvar o time da 2ª divisão. O camisa 10 do time coloca a bola na marca do pênalti, o goleiro tá no meio do gol, olho no olho, vaia da torcida adversária, tensão total no estádio, começa a chover forte agora na região, muitas trovoadas... Mas não tem essa não, o jogador sabe da responsabilidade de salvar um clube histórico para alegria de uma nação de torcedores em todo o Estado. O juiz autoriza, ele olha pro gol, se prepara, corre, chuta e....

- Júnior e Léo venham almoçar!
-Mas mãe, nós estamos brincando de futebol de botão! É rapidinho!
-Nada disso, Júnior, já tá tarde é hora do almoço. Venham!
-Deixa só eu cobrar esse pênalti, mãe.
-Não filho, mais tarde vocês voltam a brincar....


Josué Leonardo

quinta-feira, 21 de abril de 2011

Aquela sala


No quarto bloco há uma sala. E de todas as salas passadas, essa sala é a mais idilicamente poética. É uma sala simples, de singelo aconchego; uma pequena sala, tranquila, recatada, tímida, de ampla generosidade, que possibilita uma estada diária confortável a vinte sonhadores de um futuro bom.

São tantas as virtudes dessa sala, que fica fácil esquecer alguns defeitos, como a sua complexidade bipolar. Tem dia que a sala está arrumada e linda, tem dia que ela está toda desarrumada e triste. Numa
hora, ela faz de tudo para agradar, disponibilizando com eficiência o melhor vento de seu ar-condicionado, e em outras horas desagrada com um barulho ensurdecedor do mesmo ar-condicionado. No entanto, tudo isso são detalhes que dão um charme a mais para a sala, na verdade o que ela quer é chamar a atenção, no qual todos os olhares fiquem focados somente nela; e de fato ela consegue momentaneamente ser o centro das atenções: amada e odiada... E nem precisava disso, ela tem conteúdo suficiente e luz própria que irradia pelas janelas da parede do lado esquerdo, o cantinho mais iluminado e artístico da sala, propiciando uma visão para o mundo exterior.

É o terceiro ano, é a terceira sala, que não é igual as outras. É uma sala que sabe se fazer importante, ela é difícil e misteriosa. Chegar até ela requer disponibilidade: tem que passar por três blocos, andar pelo corredor principal do campus, subir duas escadas, pois ela é superior. Mas ao e
ntrar na sala fica perceptível a humildade cintilante e hospitaleira, que a faz ser mais elegante que todas as outras salas. Sem retoques, a sala mostra a sua maturidade concreta e mutável. Ela é multifacetada: não é a mesma pela tarde e nem pela noite, mas é única pelas manhãs.

Por tudo isso, esta sala tornou-se o re
canto que um dia será lembrado pelos sonhadores daquela turma, que ficou no coração, a turma de letras...

Josué Leonardo

segunda-feira, 7 de março de 2011

O multiculturalismo brasileiro


O Brasil é um país que apresenta um aspecto preponderante, é reconhecidamente multifacetado. A diversidade brasileira é ilimitada, são diversos “Brasis” que demonstram uma multiculturalidade através das manifestações folclóricas, de norte a sul; são costumes, tradições, lendas, crenças, que constituem o imaginário do povo brasileiro.

Quem nunca cantou as marchinhas de carnaval? Quem nunca comeu as comidas típicas da festa junina? Quem nunca ouviu falar dos “causos” amazônicos? Essas tradições culturais populares representam a riqueza literária, artística, musical, gastronômica do folclore brasileiro. Do ribeirinho isolado no Amazonas ao professor doutor em letras, ambos já tiveram a oportunidade, em algum momento, de ter contato com as lendas, os hábitos e as crenças da cultura popular, que é fruto da cultura indígena, africana e européia.

O saber tradicional do povo, não pode ser considerado um conhecimento supérfluo. Os provérbios, as crenças, as supertições, as lendas têm a sua devida credibilidade, principalmente para o indivíduo que difunde oralmente e acredita, por exemplo, que o acauã é um pássaro de mau agouro, assim como quem crê que o óleo da banha de galinha é excelente remédio para baques.

Esse conhecimento popular é visto de uma forma etnocêntrica pelos detentores do conhecimento erudito. Pois para eles, essas crendices são inverossímeis. Porém, muitos intelectuais quebraram esse preconceito e deram o devido valor ao conhecimento popular, como o poeta, advogado e político paraense Inglês de Sousa, que escreveu vários contos baseado nas lendas amazônicas.

Portanto, será que devemos considerar as manifestações populares como um lixo cultural? Subestimando o valor artístico e científico dessas manifestações? As ervas medicinais já foram assunto de artigos de revistas científicas internacionais; também, essas ervas são usadas pelas principais empresas farmacêuticas e cosméticas do mundo; além disso as lendas amazônicas já foram publicadas, filmadas, encenadas e o carnaval é exibido em vários lugares do mundo. Outro fato importante é que muitos acadêmicos recebem o título de mestre e doutor, após uma minuciosa pesquisa sobre o folclore paraense e brasileiro.

Deste modo, valorizar o que é popular, inserir a população no conhecimento do folclore juntamente com o conhecimento erudito é constituir a formação de uma sociedade crítica e realista das verdadeiras manifestações culturais de seu povo.

Josué Leonardo

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