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quinta-feira, 21 de abril de 2011

Aquela sala


No quarto bloco há uma sala. E de todas as salas passadas, essa sala é a mais idilicamente poética. É uma sala simples, de singelo aconchego; uma pequena sala, tranquila, recatada, tímida, de ampla generosidade, que possibilita uma estada diária confortável a vinte sonhadores de um futuro bom.

São tantas as virtudes dessa sala, que fica fácil esquecer alguns defeitos, como a sua complexidade bipolar. Tem dia que a sala está arrumada e linda, tem dia que ela está toda desarrumada e triste. Numa
hora, ela faz de tudo para agradar, disponibilizando com eficiência o melhor vento de seu ar-condicionado, e em outras horas desagrada com um barulho ensurdecedor do mesmo ar-condicionado. No entanto, tudo isso são detalhes que dão um charme a mais para a sala, na verdade o que ela quer é chamar a atenção, no qual todos os olhares fiquem focados somente nela; e de fato ela consegue momentaneamente ser o centro das atenções: amada e odiada... E nem precisava disso, ela tem conteúdo suficiente e luz própria que irradia pelas janelas da parede do lado esquerdo, o cantinho mais iluminado e artístico da sala, propiciando uma visão para o mundo exterior.

É o terceiro ano, é a terceira sala, que não é igual as outras. É uma sala que sabe se fazer importante, ela é difícil e misteriosa. Chegar até ela requer disponibilidade: tem que passar por três blocos, andar pelo corredor principal do campus, subir duas escadas, pois ela é superior. Mas ao e
ntrar na sala fica perceptível a humildade cintilante e hospitaleira, que a faz ser mais elegante que todas as outras salas. Sem retoques, a sala mostra a sua maturidade concreta e mutável. Ela é multifacetada: não é a mesma pela tarde e nem pela noite, mas é única pelas manhãs.

Por tudo isso, esta sala tornou-se o re
canto que um dia será lembrado pelos sonhadores daquela turma, que ficou no coração, a turma de letras...

Josué Leonardo
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